ARTIGOS
Cooperativismo
A Aliança Cooperativa Internacional (ACI) convencionou realizar, anualmente, no primeiro sábado do mês de julho, o Dia Internacional do Cooperativismo. Em todo o mundo, mais de 800 mil cooperativas e mais de 800 milhões de associados promovem a vida e os cidadãos. Em cada país, com suas peculiaridades culturais e socioeconômicas, o cooperativismo promove o desenvolvimento sustentável.
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No Brasil, a experiência cooperativista já ultrapassou um século (1902). Estimulado pelo padre Theodor Amstad, já representa uma considerável força, que reúne mais de 5% da população e gera cerca de 6% do Produto Interno Bruto (PIB). No Rio Grande do Sul, congrega 10% da po-pulação e 10% do PIB.
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A maioria da população ainda não conhece o cooperativismo e suas vantagens associativas. E, em parte, o arcabouço jurídico-legal desatualizado contribui para a existência de dificuldades. Mas o que importa é que o cooperativismo alcançou no Brasil o status constitucional, isto é, a Assembléia Nacional Constituinte de 1988 estabeleceu a liberdade de criação de cooperativas (na forma da lei) e assegurou que a lei apoiará e estimulará o cooperativismo, vedando a intervenção estatal. Aliás, o reconhecimento é internacional. A OIT, em sua convenção 193, de 2002, recomenda aos países membros que apóiem e estimulem o cooperativismo, sobretudo pelo seu papel na geração de trabalho e renda.
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Neste ano, observando as mudanças legais e de comportamento das cooperativas, o sistema cooperativista pode afirmar que está em franca evolução. O governo federal flexibilizou as regras de constituição das cooperativas de crédito. O governo estadual sancionou a lei cooperativista local, criando um Conselho Estadual e um fundo de apoio ao cooperativismo. Talvez o maior desafio atual seja, preservadas as características e as peculiaridades de cada cooperativa e de seu grupo social, reconstituir o referencial cooperativo na comunidade para que sirva de exemplo e estímulo aos demais cidadãos, atraindo-os para o sistema. Um cooperativismo verdadeiramente comunitário, responsável, profissional e solidário é a garantia de bem-estar para todos. Será mais cidadania, mais justiça social.
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Fonte: Vicente Bogo - Presidente da Ocergs/Sescoop-rs/ Artigo publicado no Correio do Povo, 1.o de julho de 2005. Opinião, página 04.